Que o Paço Alfândega é um dos prédios mais bonitos do Recife, ninguém tem dúvida. Que está bem localizado, também não resta dúvida. Uma pergunta que muita gente se faz é: por que o Paço Alfândega não decolou?
O centro de compras é um local onde muita gente acaba indo aos domingos, especialmente em função da Livraria Cultura, mas mesmo assim os espaços vazios são a maioria. É difícil compreender o que passa por ali, ou qual teria sido o erro do projeto comercial, mas acredito que a soma de pequenos pontos equivocados acabaram provocando o esvaziamento do único centro de compras do Bairro do Recife.
Os pontos de apoio seriam o estacionamento, a Livraria Cultura e o Espaço Unibanco, que é um conhecido complexo de cinemas de arte. Este iria funcionar no antigo Edifício Chantecler, ao lado da igreja da Madre de Deus, mas sua obra é mais difícil de sair do que a Catedral da Sagrada Família, em Barcelona, que já passou por mais de uma dezena de papas. Na verdade o que salva o Paço atualmente é a Livraria Cultura, responsável por metade do público.
O somatório de equívocos e pequenos problemas prejudicaram o projeto. Podemos aqui enumerar alguns deles:
- Estacionamento caríssimo: é o mais caro da cidade. Paga-se R$ 4,00 pela primeira hora e R$ 1,50 por cada meia hora adicional. No fundo o estacionamento não serve aos interesses do próprio Paço. Tenta-se evitar o estacionamento fixo para os trabalhadores do Porto Digital, mas acaba prejudicando aqueles que poderiam passar mais tempo no Shopping.
- Virou o bandejão do Bairro: o que acabou funcionando efetivamente foram os fast food, localizados no segundo andar. Com isso, além de ter apenas uma demanda no horário do almoço, ainda canibalizou a antiga Rua do Bom Jesus, já que muitos dos bares ali precisavam da receita do almoço para continuarem suas atividades.
- Falta identidade de produtos: hoje você só vai ao Paço para passear ou para frequentar a Cultura. nunca vi alguém dizer que ia ao Paço para comprar algo em determinada loja. Como o lugar não é grande, muito melhor seria se concentrasse suas lojas em determinado segmento. De preferência agregado à Livraria.
- Cinema não inaugura: hoje em dia não se pensa em um shopping sem cinemas, pelo simples motivo de que este leva gente ao estabelecimento na hora que ninguém o costuma frequentar. Brigas entre os sócios e problemas com a restauração do Edifício Chantecler parecem jogar uma pá de cal neste assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário